sábado, 27 de agosto de 2016

A importância de viver o luto.

Quando meu relacionamento terminou, eu já estava a um mês tentando entender tudo que estava acontecendo, pois meu ex tinha pedido um tempo e foi a primeira vez que isso tinha acontecido em 10 anos de relacionamento, então era uma coisa que eu não entendia muito bem. Isso me causou muitos problemas como depressão e síndrome do pânico (que vou falar mais tarde sobre isso).

Quando de fato meu ex terminou comigo, por telefone, um relacionamento de 10 anos (sendo 7 anos de namoro e 3 de noivado), eu fiquei muito mal, meu mundo desabou, eu não conseguia e não tinha vontade de fazer nada, porém minha família e principalmente minha mãe não entenderam. Eles achavam que eu tinha que melhorar do dia para a noite, demostrar que estava super feliz e que tinha superado tudo, isso em 3 dias após o término oficial. Aconteceram muitas coisas, pessoas que eu confiava me magoaram muito nesse período, por falta de informação. Acredito que as pessoas queriam me ajudar, mas agiram da pior forma possível justamente por não entender o que eu estava passando e que deveriam respeitar meu período de luto.

Conversando com minha psicóloga comecei a entender todo esse processo de luto pela perda de um relacionamento, luto por uma pessoa que ainda está viva. Li muito sobre isso, existem muitos artigos sobre esse tema na psicologia que vou passar no final do texto.

Quando você termina um relacionamento não é só o relacionamento em si que termina, muitas coisas morrem nesse processo e acabam matando uma parte de você também. No meu caso morreram vários sonhos como de me casar com vestido de noiva, ter meus filhos, minha casinha com meu marido. É verdade que ainda posso realizar esses sonhos com outra pessoa um dia, quem sabe, porém ninguém pensa nisso no momento em que acabou de acontecer o término. Muitas coisas morreram em mim, hoje sou uma pessoa muito diferente do que eu era.

Costumo dizer que no meu caso o luto pelo término do do meu relacionamento foi pior do que o luto pela morte de uma pessoa da minha família (e isso já ocorreu várias vezes em minha vida). Porque quando uma pessoa morre de fato você preserva a imagem e tudo de bom que viveu com a pessoa, a memória fica preservada. No caso da maioria dos términos de relacionamento ocorrem certas situações que magoam demais e que acabam por destruir tudo de bom, a imagem positiva que você construiu da pessoa. Isso machuca, pois você vive em constante conflito, a pessoa é o amor da sua vida ou seu pior inimigo?

Enfim, as fazes do luto são bem parecidas nos dois casos.

Segundo Freud (1917) o luto é, em geral, uma reação à perda de uma pessoa amada, ou à perda de abstrações colocadas em seu lugar, tais como a pátria, liberdade, idea, etc.

O luto é um processo doloroso e não deve ser interrompido ou impedido, não sendo considerado uma patologia. A perda do objeto amado é muito difícil no início, até que a pessoa se acostume à ausência e isso seja internalizado de forma gradativa.

Kubber Ross - (psiquiatra que nasceu na Suíça) que escreveu o livro "On Death and Dying" (Sobre a morte e o processo de morrer) - estudou o fenômeno da perda e pontua que as 5 fases do luto se enquadram para qualquer forma de perda pessoal catastrófica, sendo que qualquer mudança pessoal significativa poderá levar a estes estágios:


  • 1 fase - Negação e isolamento - são mecanismos de defesa do ego diante da sua dor. Surgem alguns sentimentos de negação e vitimização como: por que eu? Isso não é verdade! Dou um jeito, sempre passa! 
  • 2 fase - Raiva - surge da necessidade do ego sair da fase de isolamento e negação. Junto com a raiva surgem sentimentos de inveja, hostilidade quanto ao ambiente e as pessoas, revolta e ressentimento como: por que eu? Isso não é justo!
  • 3 fase - Negociação e Barganha - começa com tentativas de negociação com a emoção ou com o "culpado" pela situação, utilizando-se de promessas, pactos etc.. que ocorrem em segredo. Pensamentos como: "Vou tratar bem as pessoas e tudo ficará bem" ou "Vou pensar positivo e tudo se resolverá".
  • 4 fase - Depressão - tristeza, desolamento, culpa e medo são emoções comuns a esta fase. Sendo esta uma fase evolutiva, visto que agredir não adiantou, negar ou se revoltar utilizando barganhas, surge então o sentimento de grande perda: "Será que as coisas ficarão bem?" ou "Não consigo lidar com isso!". Me odeio, a culpa é minha!
  • 5 fase - Aceitação - não se trata de um estágio de felicidade, mas sim de um estágio no qual a pessoa busca modificar o sentimento de tristeza, aceitando a perda como algo natural e necessário a transformação, buscando a ajuda necessária para isso: "Posso mudar isso" ou "Vou melhorar a cada dia".
Não necessariamente esses processos ocorrem nesta ordem, eles podem se misturar e ir e vir em diversos momentos. Também não são todas as pessoas que passam por todos eles, alguns podem passar por todos e outros por menos, mas ao menos um será vivido.

Alguns sites relacionados ao tema:




Um comentário:

  1. Deve-se dar um prazo para a tristeza e depois tentar seguir em frente, tenho um amigo advogado que me ensinou isso, e eu fiz, dei um prazo para as lágrimas, isso é necessário para a gente tentar seguir adiante, fácil não é mais é necessário.

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